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Realismo/Naturalismo
Realismo/Naturalismo (século XIX – 1865-1890)
O Realismo português iniciou-se em 1865, entrou
em decadência em 1890 e terminou em 1900, com a morte do
escritor Eça de Queirós. O surgimento do movimento Realista
português ligou-se a um grupo de intelectuais – a geração de 70
– liderados por Antero de Quental, e do qual faziam parte Oliveira
Martins, Teófilo Braga, Guerra Junqueiro, entre outros.
Muitos foram influenciados pelo realismo francês, profundamente
anticlerical, antiburguês e antirromânticos. O movimento
iniciou-se em Coimbra, com uma polêmica literária travada
pelos jornais, conhecida como a Questão Coimbrã.
Em 1871, jovens de Coimbra resolveram organizar uma
série de conferências com o objetivo de popularizar as questões
que estavam em moda na Europa e na América do Norte. Com
as Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense, pretendiam
que Portugal se alinhasse ao resto da Europa, modernizando-
se.
O Realismo-Naturalismo posiciona-se contrariamente
ao tradicionalismo romântico. Os escritores realistas-naturalistas
consideram possível representar o cotidiano, desprezado pelas
estéticas anteriores. Os personagens de seus romances estão
muito próximos das pessoas comuns, com seus problemas do
dia-a-dia, suas vidas medianas.
A poesia desenvolvida no Realismo teve um caráter
revolucionário, serviu como arma de combate, bem como de
denúncia de questões sociais. Foi uma poesia engajada, isto é,
compromissada com uma causa política; ou, então, voltou-se
para o lado filosófico, de reflexão profunda sobre a existência.
Assim como a poesia, o romance foi uma arma de denúncia
social e de ataque a burguesia, ao clero e a monarquia.
O romance tornou-se um verdadeiro documentário sobre a
burguesia portuguesa.
Principais autores e obras:
Antero de Quental (Prosas;
Prosas dispersas; Odes modernas), Eça de Queirós (O primo Basílio;
Os Maias; O crime do padre Amaro), Florbela Espanca (Charneca
em flor; Livros de mágoas; As máscaras do destino).
***
“É muito comum o emprego associado dos termos Realismo
e Naturalismo. Algumas vezes, são termos sinônimos;
outras vezes, aparecem como estéticas literárias muito próximas
uma da outra. No entanto, existe uma fronteira entre
elas: é possível perceber diferenças entre a prosa realista e a
naturalista, apesar do grande número de pontos em comum.
Há os que preferem ver o Naturalismo como uma espécie de
prolongamento mais forte do Realismo. Sob esse ponto de vista,
o Naturalismo seria um Realismo exacerbado, uma forma
mais profunda de encarar o homem, levando em consideração
o seu lado patológico, seu envolvimento com o destino que não
consegue modificar. Observam-se nessa corrente: as situações
de desequilíbrio muito fortes; o homem que se comporta como
um animal, obedecendo a instintos; o homem condicionado
ao meio em que vive, subjugado pelo fator da hereditariedade
física e patológica, que determina o comportamento das personagens.
O Naturalismo, aprofundando a visão cientificista do
Realismo, mostra o homem como um caso clinicamente estudado.
O importante seria realçar os distúrbios provocados pelo
comportamento. Nessa linha, são temas preferidos pelo naturalista:
a miséria, o adultério, a criminalidade, os problemas
ligados ao sexo. Em geral, os ambientes desequilibrados estão
presentes na obra naturalista, pois são eles que proporcionam o
enfoque de conflitos”.